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domingo, 23 de março de 2025

Ainda estou aqui (2024)

Antes de falar do enredo, teve um detalhe interessante que achei sensacional e que faz uma ligação com Central do Brasil, de 1999, que é do mesmo diretor. O final do filme mostra uma pessoa olhando uma foto e relembrando de como a vida era no passado e a trilha sonora tocando umas notas de piano é bem parecida nos dois filmes. Além disso, ele parece um filme bem despretensioso e acho que por isso que acabou chamando atenção. Não é o estilo blockbuster convencional. É um drama singelo e quase existencial, que vai além do que a sinopse propõe. 

Não é apenas um filme sobre ditadura. É uma reflexão de como uma família se despedaça inteira quando um pai carinhoso, do estilo convencional, é levado por militares e nunca mais volta. O filme não aprofunda nos detalhes do motivo pelo qual ele foi levado, mas prefere focar em como a mãe se reconstrói e enfrenta a situação, já que ficou sozinha com um monte de filhos. E tem uma das filhas que vai pra Londres antes da prisão do pai e retorna sem entender como aconteceu. Essa atriz aí, pode anotar, vai ser reconhecida logo logo, pois ela é muito boa. Até parece que o filme meio que fica vazio sem a presença dela, depois que ela volta em cena parece que andou de novo. Valentina Herszage é o nome dela. Enfim, aí o pai nunca mais volta, depois de um tempo vem a notícia de que ele foi morto. E aí, se passam uns 40 anos e, com todo mundo mais velho, a mãe que antes era interpretada pela Fernanda Torres e aí passa pra Fernanda Montenegro, já bem velhinha e com Alzheimer, vê na TV uma notícia falando do marido. Esse contraste de como eles eram antes e depois é realmente de cortar o coração.

E tem mais uma cena de quando um fotógrafo vai tirar foto pro jornal, pra matéria sobre o pai e ele pede pra ninguém sorrir, mas a mãe insiste e todos sorriem. E na última cena do filme, com todos mais velhos, na hora de tirar a foto todos falam pra sorrir. Um detalhe simples mas com uma mensagem forte de como enfrentar um acontecimento inesperado do destino. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Bela análise Frederico Formiga!!!