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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Eu ainda sei o que vocês fizeram no verão passado (1998)

O final do Eu sei já dava a entender que teria uma continuação, ou pelo menos um planejamento, já que o assassino deixou a mensagem Eu ainda sei no box do chuveiro. Obviamente, o título é uma ironia, já que não tem como alguém "ainda saber" alguma coisa. Ou sabe ou não sabe. Entendendo isso, vamos ao resumo: Julie seguiu sua vida após a morte de seus amigos e a sua quase-morte, mudando de cidade e fazendo novos amigos, até que o pescador Ben Willis dá um jeito de se aproximar dela de um modo bem complexo - isolando ela numa ilha, supostamente após a amiga dela ganhar uma viagem a partir de uma promoção de rádio, que na verdade não passava de um plano do assassino. 

O que eu gostei no filme: 

Legal que manteve os mesmos personagens, então dá uma sensação de continuidade direta. Arrumaram uma explicação pro final do primeiro filme e incorporaram isso na história do 2: a Julie estava começando a ter pesadelos e entrar numa paranoia que a gente mesmo não sabe o que é da cabeça dela e o que é real (por exemplo, quando aparece a frase-título no karaokê). A trilha sonora tá bem legal também, em alguns momentos até melhor que no primeiro (como a música Éden e a música que termina o filme, Gorecki). A história aborda o drama da Julie em perder a melhor amiga (Helen) e dessa vez, o desfecho é diferente (a amiga sobrevive). A evolução do relacionamento do Ray e da Julie, achei bem legal, embora eles briguem por besteira, só que no primeiro a Julie é que era mais imatura, nesse é ele. Mesmo assim, ele já pensa em pedir ela em casamento, até já tem o anel, mas acaba vendendo pra trocar por uma arma pra salvá-la, embora na última cena ela esteja com outro anel. O filme dá uma resumida rápida no começo pra quem não viu o primeiro, de uma forma bem interessante, a Julie se confessando pra um padre contando a história. E tem uma cena bem legal onde acontecem 3 cenas simultâneas que depois se encaixam: quando a Julie está presa no aparelho de bronzeamento, ao mesmo tempo que a Karla vê o corpo da arrumadeira do hotel e os garotos encontram outro corpo. Três cenas isoladas que se juntam. A história, mesmo que a gente já saiba quem é o assassino, tenta fazer mistério com outro personagem, que ficou bem interessante. Também tem uma cena de perseguição bem longa que vai dos 77 minutos até o final do filme. A explicação pra mão dele cortada no primeiro filme e o modo como ele fez uma prótese do gancho ficou bem interessante também. O filme dá a entender que já tinha um planejamento pra futuras sequências, mas achei meio estranho eles "matarem" o Ben e o Will no meio da história assim, acho que isso prejudicou a franquia como um todo, pois ficaria bem difícil continuar depois disso, por isso o resultado do terceiro filme foi bem diferente. Ah, e gosto muito do jeito que o título evolui, acrescentando a palavra "ainda", ao invés do número 2 apenas.

O que eu acho que podia ter sido melhor: 

Elas não saberem a capital do Brasil pra gente daqui parece tão estranho, mas enfim a capital já foi Rio de Janeiro uma época também né? E acho que pro escritor pensar isso lá, deve ser porque ia fazer uma surpresa pra maior parte do público, ou seja, talvez eles nem saibam mesmo. Senti falta da cidade do primeiro filme, embora tenha aparecido uma cena do Ray lá. A amiga nova da Julie, Karla, é muito chata, em vários momentos ela insiste pra fazer a Julie quase trair o Ray com o Will, não gostei disso. Além disso, precisava ela ter entrado daquele jeito na casa da Julie, no meio da noite, pra dar susto nela? Outra coisa, o pessoal do hotel nas Bahamas some todo mundo no mesmo dia, todos os hóspedes foram embora juntos? Achei que poderia ter sido melhor explicado. A explicação pelo qual Ben Willis mata os funcionários do hotel, pra mim até entendi, ele tinha outra questão de vingança com eles, mas não custava um flashback rapidinho pra isso ser mais nítido. E, de novo, igual o primeiro filme: ninguém acredita quando o Ray diz que o Ben atacou ele, nem quando a Julie vê o corpo no armário, igual como foi com a Helen no primeiro filme. 

O filme dá uma leve mudada em relação ao primeiro quanto às cenas de violência. Nesse embora grande parte das cenas ainda sejam implícitas, têm umas 4 cenas mais pesadas que não acontecia assim no primeiro. Mas mesmo assim, as cenas violentas demoram pra aparecer, a primeira é aos 23 minutos e a segunda só vem aos 43, o que pro gênero a primeira cena geralmente já é assim. A revelação final de que o Will Benson é o filho do assassino lembra muito o final do livro original, onde o perseguidor também se passa por amigo pra se aproximar da Julie. E assistindo uma segunda vez dá pra pegar várias dicas que ele tinha algo de estranho, por exemplo, ele sente enjoo em avião mas não em barco, sendo que ele é filho de pescador. 

Duas referências que achei bem interessantes: o livro O ônus da prova, que está na gaveta da Julie; e a cena do manequim na estrada é bem parecida com um curta do diretor do primeiro filme (Joyride). Além disso, numa cena um personagem está assistindo um filme de monstro em preto e branco que eu não saquei a referência. Enfim, é uma sequência bem legal até, pena que deixou saudade e um buraco na história pois a gente nunca mais soube nada daqueles personagens, que até então deixa uma expectativa sobre o futuro do casal principal. E isso, essa continuidade de personagens retornando em sequências do gênero do terror não é tão comum, inclusive a história evoluindo conforme passam os filmes. Então por isso tudo, esse tem seu valor também.

Fonte da foto: aqui

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